As diferentes faces do Coringa
MFC Editorial
O grande sucesso do filme Coringa (Todd Phillips, 2019) despertou mais uma vez a paixão de milhares de fãs do Coringa do mundo todo. O personagem se tornou um dos mais populares não só nos quadrinhos como também nas telonas.
Criado por Jerry Robinson, Bill Finger e Bob Kane, a primeira aparição do Coringa nas páginas da DC Comics foi em Batman #1 em 1940. O design do vilão foi inspirado em Gwynplaine, personagem interpretado por Conrad Veidt, no filme O Homem Que Ri (1928), caracterizado por ter uma face desfigurada que formava um sorriso aterrorizante.
Apesar de ser apresentado nos quadrinhos como um perigoso psicopata, tanto a personalidade como a história de origem do Coringa mudaram ao longo das diferentes edições e histórias. No MFC Editorial, vamos analisar a sua trajetória e o que o torna tão interessante.
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Príncipe Palhaço do Crime
A primeira aparição do Coringa nas telonas foi em Batman: The Movie (Leslie H. Martinson, 1966), que é derivado da série televisiva Batman (1966), estrelada por Adam West como o herói. Interpretado por César Romero, o primeiro Coringa a aparecer em um filme gostava de fazer piadas e pegadinhas, como definido anteriormente pela paródia criada na série. Somente nos anos 80 que uma nova adaptação do vilão foi feita, porém, desta vez se manteve mais fiel ao personagem dos quadrinhos.
Tim Burton dirigiu Batman (1989), filme que inaugurou o cinema de super-heróis como conhecemos hoje. O mundo de fantasia gótica criada por Burton era o local perfeito para um Coringa realmente malvado roubar a cena, sendo interpretado por Jack Nicholson, quem já tinha ganhado dois Óscares na época.
A história de origem deste Coringa foi parcialmente inspirada no quadrinho A Piada Mortal, escrita por Alan Moore em 1988. Esta nova versão é muito mais próxima a personalidade original do palhaço, nos mostrando um chefe do crime impiedoso e capaz de tudo para conseguir o que quer. A face de mafioso do Coringa do Nicholson serviu de inspiração para a interpretação do vilão de Jared Leto em Esquadrão Suicida (David Ayer, 2016), que personificou um Coringa demente e cheio de fetiches. O vilão do Leto foi vendido ao público como parte fundamental do filme, porém, acabou assumindo um papel secundário, causando uma reação negativa do público.
Devido ao seu senso de humor sombrio e sorriso assustador, a interpretação do Jack Nicholson criou um marco na aparência e na personalidade do Coringa dentro da cultura, tornando-o mais popular que o Batman e garantindo seu título como o Príncipe Palhaço do Crime.
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Agente do Caos
Após a ótima performance do Jack Nicholson, a notícia de que Heath Ledger iria vestir o terno roxo foi recebido com dúvidas. Ninguém sabia o que esperar da nova performance até que a estreia de Batman: O Cavaleiro das Trevas (Christopher Nolan, 2008) deixou todos sem palavras.
Batman Begins (2005), o primeiro filme da trilogia do Christopher Nolan, estabeleceu uma visão mais realista de Gotham e seus personagens, então um Coringa meio cartoon como o do Jack Nicholson não seria o ideal. Portanto, Heath Ledger criou um Coringa mais contemporâneo: um anarquista e terrorista niilista, disposto ao mais extremo nível de caos e violência para corromper o Batman e revelar a verdadeira face de Gotham.
O Coringa de Ledger usa uma das características mais populares nos quadrinhos: a ausência de uma história oficial sobre a sua origem. Assim, o personagem é envolto numa aura de mistério o tempo todo, o que o deixa ainda mais fascinante. Heath Ledger conseguiu juntar a instabilidade emocional e a raiva do personagem através de sua performance impressionante, conquistando, ainda que postumamente, o Óscar de Melhor Ator Coadjuvante, além de tornar O Cavaleiro das Trevas um dos melhores filmes da história.
Esta nova interpretação do palhaço foi criada como o vilão perfeito para o Batman do Nolan, um antagonista capaz de ferir o herói em todos os seus pontos fracos. Assim, a astúcia do Coringa apresentava uma ameaça que a força bruta do Batman não poderia vencer, estabelecendo uma relação resoluta entre os dois personagens. Dito isso, é possível imaginar uma história do Coringa em que o Batman não aparece?
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Quem ri por último, ri melhor
Após a performance criticada do Jared Leto em Esquadrão Suicida, os planos da produção de mais filmes com o Coringa do Leto foram descartados. Ainda assim, um pequeno projeto sobre o personagem conseguiu criar forças e foi assim que o Coringa (Todd Phillips, 2019) foi produzido. O filme que teve um orçamento de apenas 55 milhões de dólares e arrecadou mais de 850 milhões no mundo todo.
A obra é um estudo de personagem do Coringa e de seu transtorno mental, levando em consideração o contexto político e social que serviu de combustível para o nascimento de um dos vilões mais perigosos de Gotham. Coringa foi inspirado no quadrinho de A Piada Mortal e nos filmes dirigidos por Martin Scorsese e estrelado por Robert De Niro, que também participa no novo filme do palhaço do crime, como Taxi Driver (1976) e O Rei da Comédia (1983), o qual foca na exploração do desenvolvimento psicológico do protagonista solitário e os motivos que o levaram a cometer as atrocidades pelo qual se tornou conhecido.
Coringa é estrelado por Joaquin Phoenix, um dos mais brilhantes atores da atualidade, cuja performance como Arthur Fleck deixou todos sem fôlego. Esta última versão do palhaço do crime é uma compilação das mais interessantes características de quase 80 anos de histórias e umas das performances favoritas dos fãs, além de ser considerado um dos melhores filmes baseados em quadrinhos.
Parece que a nova versão do Coringa sempre supera a sua anterior. Como fãs do Coringa, mal podemos esperar para ver quais outros truques ele tem na manga. Por fim, o próximo filme do Batman para o novo Universo Estendido da DC traz a oportunidade para novas interpretações de seus outros vilões.
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